Friday, October 26, 2012

Mali - West Africa









































Mali
A idéia de conhecer o Oeste da África sempre me despertou muito interesse e curiosidade. A proposta era fazer uma viagem de 4x4 pelo Mali percorrendo todas as regiões do país. Consegui achar o companheiro ideal o meu amigo Lorenzo Madalosso (mais conhecido como “Cabeza de Vaca”) que como eu já havia viajado por terra em outras regiões remotas do planeta.

O Mali é considerado a jóia do Oeste da África um destino muito especial que possui uma rica variedade de atrações. O país ocupa o coração de um território que já abrigou antigos impérios e civilizações.

Encontrei o Lorenzo em Paris e de lá voamos para Bamako a capital do país onde iniciamos a nossa viagem. Cortada pelo Níger um dos rios mais longos da África Bamako é uma cidade vibrante com bons restaurantes, hotéis, vida noturna agitada e grandes mercados de rua.

As estradas do Mali estão em boas condições e apesar de estreitas são muito vazias. Partimos de Bamako e fomos em direção a Djenné uma das principais atrações do Oeste da África. A estrada corta vilarejos e enormes planícies e é possível ver gigantes baobás ao longo do caminho.

Tombada pela UNESCO como patrimônio da humanidade Djenné é uma cidade espetacular que é conhecida pela sua grande mesquita a maior estrutura do mundo feita em argila. O melhor dia para conhecê-la é nas segundas feiras quando acontece o famoso mercado local. Infelizmente a entrada no interior da mesquita é vetada a não muçulmanos. Construída com barro misturado com palha seca e coco de vaca a mesquita é uma estrutura imponente com uma arquitetura fantástica.

Centenas de camponeses das tribos vizinhas trazem seus produtos para serem vendidos ou trocados nas barracas montadas em frente à mesquita. É um verdadeiro espetáculo de cores, aromas, fumaça e sabores. Com certeza aquele cenário não deve ter mudado muito nas ultimas centenas de anos.

Peixes secos pescados no Níger, carnes, frutas exóticas, verduras, animais vivos, temperos, especiarias, couros e roupas. Mercadores negociando seus animais, crianças correndo em meio a porcos e galinhas, mães com bebes nas costas, muito barulho e línguas diferentes. Vagamos por horas fascinados por tudo aquilo que acontecia ao nosso redor e nos sentimos extraterrestres intrusos com nossas câmeras nas mãos.

Almoçamos num restaurante local e provamos o “captain” um peixe grelhado no carvão eleito o prato preferido de toda a viagem. É uma espécie de carpa grelhada com manteiga e limão. A carne é tenra e muito saborosa.

De Dejnné passamos por Mopti a segunda maior cidade do Mali e um importante porto a beira do Niger. Fizemos um passeio de “pinasse” pelo rio uma espécie de canoa de madeira motorizada e visitamos alguns vilarejos, mercados flutuantes e ilhas. Nos hospedamos num hotel cujo do dono era um libanês e para nossa alegria o cardápio do restaurante tinha também típicos pratos libaneses.

De lá seguimos viagem em direção a lendária e isolada cidade de Timbuktu. Nosso principal objetivo da viagem era conseguir chegar nesse lugar considerado por muitos viajantes como um dos lugares mais inacessíveis do planeta o verdadeiro fim do mundo.

Apesar de todos os avisos de segurança das embaixadas européias aconselhando a não visitar essa região decidimos ir mesmo assim com a idéia de que ninguém faria mal ou tentaria seqüestrar dois viajantes do país do futebol. Havia rumores de que uma célula da AL Qaeda estaria tentando controlar e separar a região do resto do país promovendo ataques terroristas.

De fato éramos os dois únicos turistas na cidade. Perambulando pelas ruas tivemos a chance de assistir a um jogo de futebol no estádio municipal. Na entrada havia dezenas de crianças tentando sem sucesso entrar e ameaçadas por um policial com cassetete na mão. Fizemos a alegria da criançada quando pagamos a entrada de todas elas e mandamos o policial liberar a catraca. Logo viramos celebridades locais.

Timbuktu é uma cidade milenar com a maioria da população beduína e esta num ponto muito estratégico entre o Deserto do Sahara e o Rio Niger. Era o ponto final das caravanas de camelo que ligavam o Mediterrâneo ao Oeste da África desde os tempos medievais. Foi a capital de um dos impérios mais prósperos da África com inúmeras universidades islâmicas e mesquitas o importante centro islâmico de uma civilização.

De Timbuktu fomos para o lugar mais fascinante do Mali uma região chamada Dogon Country. Também tombado pela UNESCO como patrimônio histórico e cultural da humanidade o País Dogon fica na região central do país e é formado por pequenos vilarejos encravados ao longo da Falésia de Badiagara.

O povo Dogon se estabeleceu ali há mais de mil anos na tentativa de fugir do Islã. Possuem suas próprias línguas, crenças, costumes, calendários e culinária. Vivem de forma muito primitiva através do pastoreio de animais e agricultura rudimentar.  

Percorremos a pé uma serie de vilarejos ao longo da Falésia. Com muros de barro e casas de sapé cada vilarejo possui na parte mais alta seu Hogon onde vive o ancião líder espiritual da comunidade. É uma figura de grande respeito para quem os mais jovens pedem conselhos e trocam idéias. 

O mais curioso é que as mulheres roubam a cena e são responsáveis por praticamente tudo na sociedade principalmente pelo trabalho mais pesado. Elas carregam os filhos nas costas, baldes de água nas cabeças, cultivam e preparam os alimentos, cuidam da colheita, da troca dos produtos nos mercados, etc.

Visitamos o mercado local onde mulheres com roupas coloridas vendiam frutas e verduras e provamos a cerveja feita de milheto. Bebemos aquela água suja e quente diretamente da bacia que estava sendo carregada na cabeça de uma mulher.

Com tantas atrações incríveis o Mali é ainda muito pouco visitado. Mesmo sendo um dos países mais pobres e precários do mundo é relativamente seguro viajar por lá com exceção de Timbutku onde rebeldes separatistas recentemente tomaram o controle da região.

Centenas de crianças se aproximam durante toda a viagem para pedir dinheiro, balas e presentes. As condições de higiene e infra estrutura são precárias e é muito difícil não se comover com toda aquela criançada sorridente olhando para você.  

Percorremos mais de 3.000 km com nossa Land Cruiser pelas estradas do país e encerramos nossa viagem no mesmo ponto de partida a capital Bamako.

A maneira mais fácil de chegar no Mali é voando Air France via paris. Visto e vacina de febre amarela são obrigatórios. Para a emissão do visto o ideal é conseguir uma carta convite através de uma agência de turismo local mediante contato prévio. A língua oficial é o francês e a moeda o franco. Dólares e Euros também são aceitos. A melhor época para ir é após a estação das chuvas de Novembro a janeiro.

Wednesday, October 17, 2012

Etiópia


















Como um país tão rico em história e tradições culturais continua sendo um lugar tão pouco visitado?

Mal compreendida e afastada das rotas turísticas convencionais a Etiópia continua sendo sinônimo de guerras e lugar onde crianças subnutridas morrem de fome. As fortes imagens da crise humanitária causada pela seca publicadas nos anos de 2000 e 2002 chocaram profundamente o mundo.

Infelizmente essa é a imagem lembrada pelas pessoas assim como as imagens do Carnaval e Futebol são associadas ao Brasil. Essa má interpretação e preconceito embora sejam negativos tem seus benefícios transformando a viagem ao país em uma grande descoberta e uma agradável surpresa.

Dentre suas atrações históricas destacam-se as fantásticas igrejas esculpidas na pedra em Lalibela datadas do século 12 e 13, os grandiosos castelos de Gonder do século 17, os gigantescos obeliscos de granito em Aksum com mais de 2.000 anos de idade e os antigos monastérios ortodoxos nas ilhas do Lago Tana.

É também no Lago Tana no interior da Etiópia que nasce o Nilo Azul que junto com o Nilo Branco oriundo do Lago Victoria formam o Rio Nilo. As águas do Nilo Azul, cujas cataratas criam um belo cartão postal, correspondem por quase 90% do Nilo que se estende até Egito.

Também conhecida como a Petra da África, Lalibela é o lugar mais fantástico e sagrado da Etiópia. Foi concebida pelo Rei Lalibela para ser uma nova Jerusalém em solo africano acessível a todo o povo etíope longe dos muçulmanos. Cerca de 400 igrejas datadas dos séculos 12 e 13 foram esculpidas nas pedras na região e encontram-se bem conservadas. As mais famosas são a Bet Giyorgis ou Igreja de São Jorge em forma de cruz e a Bet Maryam ou Igreja de Maria construída em homenagem a virgem que é adorada no país.

A Etiópia é o único país da África que não foi colonizado e por isso manteve firme e intacta toda a sua identidade cultural.

O país conserva sua própria e distintiva língua, sua própria bebida e culinária, sua própria igreja, seus santos e até seu próprio calendário.

Com maioria da população cristã-ortodoxa, uma outra parte muçulmana e uma minoria de judeus a Etiópia é um lugar bíblico lar de uma das mais interessantes civilizações do mundo.

Os Falashas são os judeus etíopes descendentes diretos de Menelik, filho do Rei Salomão e da Rainha de Sabá. Segundo a lenda a Rainha de Sabá, cuja dinastia durou cerca de 3.000 anos, foi fazer uma visita de estado ao Rei Salomão em Jerusalém e voltou à Etiópia com o futuro Rei Menelik nos braços. Hoje restam pouquíssimos Falashas na Etiópia e algumas poucas sinagogas perto de Gonder. A maioria deles imigrou para Israel.

Também lugar de famosas descobertas arqueológicas a Etiópia é conhecida como o Berço da Humanidade. Lá foram encontrados os restos fossilizados do mais antigo hominídeo do planeta apelidado de Lucy com mais de 3.2 milhões de anos.

Lucy é o carinhoso nome dado ao esqueleto da nossa mais antiga descendente metade humana metade macaco. Foi uma homenagem à música dos Beatles Lucy in the Sky with Diamonds que tocava no campo arqueológico no momento da descoberta. Lucy encontra-se exposta no Museu Nacional de Adis Abeba, capital do país.

Em contraste com seu estereotipo de Terra da Fome a Etiópia destaca-se também por suas exuberantes paisagens, sua vida selvagem e seus diferentes grupos étnicos.

Com suas ricas tradições, sua bela história e seus laços estreitos com o Cristianismo e Judaísmo a Etiópia é um país fascinante que aguarda ansiosamente para ser desbravada.

É um lugar muito mais rico e interessante do que podemos imaginar. É com toda certeza o segredo mais bem guardado da África. Vale a pena visitá-la antes que esse segredo seja descoberto!







Informações e Curiosidades:

O conhecido termo Rastafari originou-se a partir do nome do ultimo monarca da Etiópia, Haile Selassie, que fora corado imperador em 1930 e reinou até 1974. Ras significa príncipe e Tafari era seu nome antes de ser coroado. Identificando-se com o monarca etíope e com a própria Etiópia como um estado africano independente livre do colonialismo criou-se na Jamaica uma nova religião acreditando-se que o novo imperador etíope era a encarnação de Deus. Atualmente os Rastas aguardam pacientemente a restauração da monarquia na Etiópia.

Amárico é a língua oficial do país e pertence à mesma família das línguas semíticas como o hebraico, o árabe e o assírio. A moeda local é o Birr. A melhor época para visitar o país é de Outubro a Janeiro após a estação das chuvas.

Minha sugestão é fazer o circuito histórico começando em Adis em seguida visitando os monastérios ortodoxos no Lago Tana próximos a Bahar Dar e as Cataratas do Rio Nilo Azul. Depois uma visita às cidades de Gonder para ver os castelos medievais, Lalibela para ver as igrejas antigas e Aksum para ver obeliscos do Império Aksumita.

Devido à geografia montanhosa do país recomendo fazer alguns dos trechos de avião. As acomodações fora de Adis são muito simples e baratas com exceção de alguns hotéis do governo.

Acreditem ou não o país possue uma das melhores companhias aéreas da África com uma frota moderna e uma excelente malha de vôos domésticos e internacionais com um ótimo serviço de bordo. A rede hoteleira apesar de ainda pouco desenvolvida orgulha-se de ter o mais luxuoso hotel do continente africano, o Sheraton de Adis Abeba, um verdadeiro palácio.

A comida local é picante e exótica. Não deixem de experimentar a Injera, uma panqueca com especiarias e o Tej, vinho local feito de mel. A cerimônia do café não deve ser perdida onde os grãos são torrados e moídos na hora. O café etíope é considerado um dos mais saborosos e caros mundos, não na Etiópia.

A Etiópia conhecida também como Abissínia fica na região do Chifre da África, no Leste, perto da Somália, Sudão e Eritréia. Para se chegar lá pode-se voar via Frankfurt, Roma ou Dubai. Vistos são emitidos no desembarque mediante pagamento de taxa e atestado de vacina de febre amarela.

Por Raul Frare









Thursday, August 2, 2012

Coréia do Norte (DPRK)





















Curiosidade: Coreia do Norte x Futebol
Em 1966 a Coreia do Norte participou da sua primeira e unica Copa do Mundo sediada na Inglaterra. Ela supreendeu o mundo ao vencer a Italia por 1x0 chegando as quartas de finais. Porem mesmo tendo feito os 3 primeiros gols na partida mais espetacular da Copa acabou sendo eliminada por Portugal num placar de 3x5. O time norte coreano deixou a Inglaterra como campeao porem nunca mais se teve noticias de seus jogadores. A Coreia do Norte depois de 44 anos voltara a jogar na Copa do Mundo da Africa do Sul e enfrentara o Brasil no dia 15 de Junho em Johannesburgo. Com certeza sera um jogo muito curiosos e emocionante para todos nos.
Viagem a Coreia do Norte
Acordei durante uma turbulencia no meio do vôo que me levava de NY a Beijing. Estavamos cruzando o Polo Norte e era possível ver da janela a imensidão branca da planice polar. O sol, presença constante naquele horizonte, iluminava aquela paisagem gelada e refletia seus raios nas asas metálicas do avião. Faltavam ainda sete horas de vôo e eu não conseguia parar de pensar na idéia de estar a poucos passos de realizar um grande sonho, conhecer a Coréia do Norte.
No trajeto do aeroporto ao meu hotel que ficava perto da Praça da Paz Celestial eu quase não consegui reconhecer a Beijing em que estive há 20 anos atrás. Estava tudo diferente e mudado com uma forte influencia capitalista.
Beijing estava num ritmo acelerado de obras com prédios e quarteirões velhos sendo demolidos dando espaço a construções novas e modernas. Uma verdadeira corrida contra o tempo, afinal as Olimpíadas estavam a poucos meses dali.
O mais estranho era que ate aquele momento, ha três dias da minha suposta visita ao pais mais fechado do mundo eu ainda não tinha a confirmação de que estaria autorizado a viajar. As autoridades norte-coreanas e o consulado em Beijing embora recebam as informações dos pretendentes a turistas com meses de antecedência geralmente expedem os vistos de entrada poucos dias antes da suposta viagem. Há muitos casos de pessoas que vão ate a China e voltam pra casa frustrados sem ter conseguido entrar na Coréia do Norte.
Obtive a resposta positiva um dia antes da partida e em seguida fui apresentado aos demais viajantes que formavam o meu grupo. Muitos europeus, alguns australianos e como já imaginava nenhum americano. Estes últimos, considerados pelos norte coreanos como imperialistas e inimigos eram ate pouco tempo atras proibidos de entrar no país. Durante o “briefing” fomos todos informados do que estariamos autorizados a fazer e a não fazer durante a nossa visita. Aprendemos um pouco do protocolo e das delicadas situações em que poderíamos nos encontrar.
O velho avião da companhia norte coreana Air Koryo de fabricação russa destoava-se dos demais no pátio do aeroporto de Beijing transformando-se num bizarro cartão de visitas. Havia muito mais passageiros que assentos disponíveis porem inesperadamente fomos todos acomodados, alguns dividindo o mesmo assento e logo em seguida o vôo finalmente decolou em direção a Pyongyang.
Durante o vôo tivemos o primeiro contato com alguns norte coreanos, todos integrantes de uma pequena minoria, geralmente pessoas do alto escalão ligadas ao governo e que sao autorizadas a sair do pais em missões oficiais. Todos usavam ternos escuros e um broche no peito com a imagem de seu pai e Grande Líder, Kim Il Sung.
A Republica Popular Democrática da Coréia, tradução de DPRK, como gosta de ser chamada a Coréia do Norte, encontra-se ate os dias de hoje oficialmente em guerra com sua irmã, a Coréia do Sul. Nunca foi assinado um acordo de paz entre elas. Apos a Guerra a península coreana foi dividida em duas partes atraves do paralelo 38. De um lado ficou o sul capitalista protegido pelos Estados Unidos e de outro, numa isolação jamais vista, o norte radicalmente comunista e protegido pela Rússia e China. A linha de fronteira entre as duas Coréias é a zona mais armada do planeta e conta com a presença de milhares de soldados em ambos os lados prontos para entrar em guerra a qualquer momento
Aterrisamos em Pyongyang numa tarde de Outono e enquanto o avião taxiava em frente ao velho terminal de passageiros uma grande imagem de Kim Il Sung nos dava as boas vindas. Fiquei triste em descobrir que não teríamos nossos passaportes carimbados, pois estavamos viajando num “Group Visa”, essa talvez a única opção para quem não viaja a negócios e gostaria de conhecer o pais como turista.
Fomos revistados e obrigados a entregar nossos telefones celulares para a nossa guia norte coreana antes de passar pela alfândega. Só voltaríamos a vê-los nas ultimas horas de viagem minutos antes de cruzar a fronteira para Dandong na China. Câmeras fotográficas são permitidas e filmadoras entram com restrições, porem notebooks nem pensar, devem ser deixados em Beijing.
Do aeroporto fomos levados diretamente a grande estatua de bronze de Kim Il Sung no alto da cidade onde fomos obrigados a reverenciar o Grande Líder do pais. No caminho passamos pelo gigantesco Arco do Triunfo onde paramos para tirar algumas fotos. A Coréia do Norte e uma zona foto sensível e devemos sempre perguntar antes de fotografar. Fotos tiradas da janela do nosso ônibus ou sem autorização eram proibidas e poderiam nos levar a expulsão. Eramos constantemente vigiados por nossos guias e mediante qualquer suspeita de violação nos alertavam e nos chamavam a atenção.
As avenidas de Pyongyang são largas e vazias com pouquíssimos veículos. Apenas alguns oficiais do governo e diplomatas estrangeiros possuem carros. Mesmo assim desnecessariamente belas guardas de transito controlam os principais cruzamentos da cidade com uma coreografia cômica e robótica. A cidade conta com um otimo sistema de transporte publico formado por uma rede de metros e ônibus urbanos.
As estações de metro são suntuosas e tentam se equiparar às de Moscou. Os únicos outdoors que podemos encontrar são aqueles com imagens de Kim Il Sung e seu filho e Kim Jong Il e alguns outros com propaganda comunista do governo.
Pyongyang conta com dois hotéis para receber estrangeiros sendo um para turistas e outro para viajantes a negocio. Fomos encaminhados para o Yanggakdo International Hotel que fica estrategicamente isolado na ilha de Yanggak em meio ao Rio Taedong que corta a cidade. De fora parece um prédio atrativo, imponente e moderno mas por dentro temos uma realidade bem diferente e decadente. No último andar há um restaurante giratório muito cafona mas com uma bela vista da cidade.
Como a falta de energia é freqüente ficar preso nos elevadores do hotel é algo muito comum e segundo nossos guias, não deveríamos entrar em pânico. Li em um guia de viagem que há indícios de escutas escondidas nos quartos para monitorar os estrangeiros. Devemos ter muito cuidado com o que falamos ou escrevemos. E-mails são reescritos por uma secretaria do Business Center e encaminhados atraves de um endereco norte coreano. Eramos tambem proibidos de deixar o nosso hotel sozinhos e sem autorização. Quem ousaria se arriscar?
Um dinamarquês que viajava em nosso grupo, sem saber, ousou e se deu mal. Em seu quarto no hotel amassou uma cópia do periódico Pyongyang Times cuja capa tinha uma foto do Grande Líder, Kim Il Sung, e a jogou no lixo, não se dando conta da grande ofensa que estava causando. A camareira encaminhou a copia amassada à gerencia e em seguida fomos avisados que nosso grupo deveria deixar o país imediatamente. Após uma longa e burocratica negociação ficou combinado que o dinamarquês faria um pedido formal de desculpas aos norte coreanos e em seguida deixaria sozinho o país. O resto do grupo não teve que pagar por sua má conduta.
Um dos pontos altos da visita ao país é a viagem a cidade de Kaesong, fronteira com a Coréia do Sul, para visitar a DMZ, zona desmilitarizada. Viajamos de ônibus pela deserta Rodovia da Reunificação que liga Pyongyang a Seul. A cada cinco quilômetros há barricadas de concreto que podem bloquear rapidamente a estrada num eventual ataque sul coreano.
Durante a visita a DMZ ficamos frente à frente com os soldados do sul e com o prédio americano responsável pela segurança do lado da Coréia do Sul que vigia minuciosamente os visitantes do lado norte. Há uma casa azul bem no meio da linha de fronteira com duas portas, uma para o norte e outra para o sul. È possível entrar dentro dessa casa, que é usada para encontros e negociações e cruzar a fronteira para o lado sul, mas é claro que a porta de saída esta trancada e fortemente guardada. Em qualquer tentativa de cruzar de um lado para outro o infrator seria fuzilado e geraria um estresse de grandes proporções entre os dois paises.
Logo depois fomos para a cidade de Kaesong onde nos hospedamos num hotel tradicional com camas de tatame onde nos deliciamos com a culinária típica da região. Gostei muito do Kimchi (folhas de alface e repolho fermentadas com muita pimenta). Provei também o Korean Barbecue e em seguida a mais fina iguaria coreana, a famosa sopa de cachorro.
Dia seguinte voltamos a Pyongyang para mais um dia de visitas onde conhecemos o Museu da Guerra. Lá fomos incansavelmente lembrados pelos guias que foram os imperialistas americanos quem começaram a Guerra da Coréia. Fomos expostos aos indícios e provas e as carcaças de bombas mortiferas que dizimaram os coreanos durante a guerra. Visitamos também a Torre Juche que com sua tocha vermelha e dourada simboliza a doutrina do país. Conhecemos tambem outros monumentos e o navio espião americano que foi apreendido na costa da peninsula há vinte anos atrás.
O ponto alto da visita à Coréia do Norte é sem duvida assistir aos Mass Games: um mega espetáculo de luzes, cores e som onde mais de 18.000 ginastas realizam uma coreografia ritmada dentro de um estádio construído especialmente para o evento e que ainda inclui um gigantesco placar humano formado por um mosaico de 3.000 crianças que reproduzem com muita fidelidade as imagens dos grandes lideres do país.
Sem duvidas e um espetáculo impressionante e inesquecível. Os ginastas treinam mais de 12 horas por dia durante anos para poderem se apresentar nesse espetáculo que apesar de belo mais parece uma parada militar. A simetria, fidelidade, hierarquia, respeito e submissão estão em total harmonia e de acordo com os ideais Juche que doutrinam o país. E tambem uma enorme honra para um norte coreano poder se apresentar perante o Grande General Kim Jong Il, que por sua vez não perde um espetáculo.
Geralmente os grupos de turistas que entram na Coréia do Norte de aviao saem do país de trem. É incrivel poder viajar por terra e conhecer melhor o interior desse país tão fechado. No ultimo dia de coreia partimos de Pyongyang em direção a Dandong na fronteira com a China. Pudemos aproveitar as belas paisagens porem nao pudemos sair do vagão especial para turistas em nenhum momento. Antes de cruzar o Rio Yalu que divide a península coreana da China tivemos os passaportes e bagagens checados. Nossas câmeras fotográficas também foram checadas inclusive chip por chip e imagem por imagem. Caso tivéssemos alguma imagem proibida ou tirada sem autorização poderíamos ter as fotos apagadas e a câmera apreendida.
Minutos antes de cruzarmos a fronteira chinesa recebemos de volta nossos celulares. De longe pudemos ver a claridade das luzes dos arranha céus chineses do outro lado do rio. Tivemos a sensacao de estar saindo do passado e voltando para o presente. Para trás daquela cortina de ferro ficava aquele lugar extremamente misterioso, antiquado e proibido.
A Coréia do Norte é conhecida como um lugar esquisito e bizarro que pertence ao Eixo do Mal. Mas por ser tão isolada do resto do mundo é um dos poucos lugares que restam intactos em sua essência sendo essa a rica experiência de uma visita a esse pais.
È um país que possui o comunismo puro em sua alma e é doutrinado pelo Jucheismo, isto é, os norte coreanos são os responsáveis pela sua própria sobrevivência e visam não aceitar a ajuda e auxilio de outras nações.
Embora seja uma viagem inesquecivel, visitar a Coréia do Norte é algo polemico onde muitas vezes não vemos a verdade e a realidade dos fatos mas sim o que lhes é conveniente.
Nome: Coréia do Norte – Republica Popular Democrática da Coréia (DPRK)
Capita: Pyongyang
Idioma: Coreano
Governo: Republica Socialista regida sob a Doutrina Juche.
Presidente Eterno: o Grande Líder, Kim Il Sung
Presidente General: Kim Jong Il
População: 23.8 milhões de habitantes
Moeda: Won
Por Raul Frare